SÃO
PAULO – Uma má notícia para os adeptos das teorias apocalípticas de que
o mundo chegará ao fim em 21 de dezembro de 2012: a previsão pode estar
fundamentada em um erro de conversão.
Isso
porque, segundo um pesquisador americano, a constante que permite
converter as datas do calendário Maia para o calendário moderno
(Gregoriano) está incorreta.
Para
Gerardo Aldana, da Universidade da Califórnia - Santa Barbara, o erro
alteraria em 50, 100 ou até mais anos diversos eventos registrados no
calendário Maia – inclusive a famosa data de 21/12/2012.
Fim do mundo?
São
muitas as teorias de que o término do calendário Maia seria uma alusão
ao fim dos tempos. Desde a chegada de um planeta X (ou Nibiru) até uma
chuva de meteoros, muitos desastres naturais já foram apontados como a
causa do fim do mundo em dezembro de 2012. Os boatos são endossados pela
comprovada habilidade dos Maias, uma civilização que viveu entre 250 e
900 D.C na região do sul do México e Guatemala, em calcular o tempo e
prever eventos astronômicos – como a passagem de cometas.
Para
a ciência, no entanto, a data de 21 de dezembro (que coincide com o
solstício de inverno) é apenas o término de um calendário - assim como
os calendários de mesa do ano 2010 terminam no dia 31 de dezembro. No
ano passado, com o furor causado pelo filme hollywoodiano-apocalíptico
“2012”, a própria Nasa veio desmentir os boatos.
Agora,
ao que parece, além de infundados pela ciência, os rumores do fim do
mundo em 2012 também estariam errados pelo Calendário Maia.
O problema em Vênus
Um
dos maiores problemas ao estudar os calendários antigos é justamente
relacionar a sua divisão de tempo com a nossa – como que traduzir para a
nossa contagem gregoriana em que período ocorreu cada evento citado em
registros.
Por
quase meio século, os estudiosos dos Maias confiaram em um valor
numérico fixado chamado Constante GMT para correlacionar as datas do
calendário Maia com o Gregoriano. Ela é parcialmente baseada em eventos
astronômicos e tem seu nome em homenagem a três dos pesquisadores que
contribuíram para seu cálculo: Joseph Goodman, Juan Martinez-Hernandez e
J. Eric S. Thompson.
No
entanto, foi outro pesquisador quem corroborou a GMT. O americano Floyd
Lounsbury, lingüista, antropólogo e estudioso da escrita Maia, examinou
a GMT focando em uma combinação de calendário e almanaque que marca
datas específicas relacionadas aos movimentos do planeta Vênus. Esse
trabalho acabou fazendo com que a GMT se tornasse bastante aceita para o
cálculo das datas Maias no calendário gregoriano.
O
trabalho do professor Gerardo Aldana é justamente criticando esse
cálculo com base em Vênus. Ele revisou as conclusões de Lounsbury e
afirma que elas são questionáveis e não podem ser usadas para corroborar
o uso da GMT.
Um
dos eventos-chave que Aldana questiona é uma batalha em Dos Pilos que,
segundo os registros, havia tido a data escolhida pela aparição de “Chak
Ek'”, ou Vênus. Para Aldana, no entanto, Chak Ek' seria na verdade um
meteoro. Se isso for verdade, há um erro na correlação, pois um evento
que se acreditava ser associado ao nascimento de Vênus (um ocorrência
cíclica, previsível) pode ser, na verdade, relacionado a um evento ao
acaso (como um meteoro).
A
pesquisa de Aldana está incluída no livro"Calendars and Years II:
Astronomy and Time in the Ancient and Medieval World" (Oxbow Books,
2010). O professor não é o primeiro a questionar a GMT e seu trabalho
não visa propor uma solução – mas sim estudar a veracidade os mecanismos
usados para calcular a constante.
Fonte: INFO Online
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